Vagar
Vago na escuridão de meus pensamentos
Ébrio, vejo a decadência como norte
Vago atordoado nesses lúgubres momentos
Num rio de águas gélidas como a morte
Vago no barco negro do ceifador
Entre as frias paisagens da consciência
Vago sentindo minha mente em dor
Sorvendo o fluido da conseqüência
Vago por esses mares de desilusão
Sentindo-me no caminho da destruição
Vago mesmo assim, sem compunção
Nestes momentos de completa solidão
Vago as margens de conceitos e princípios
Ouvindo o uivo dos ventos da verdade
Vago E ao longe o sol frio nascendo em algum lugar
Vago, apenas vago.
Autor: Awdrey Roderick
Origem: desconhecida (ou muito bem conhecida por poucos).
Estilo: descrito como maldito pelo próprio, mas compreendido como insano por muitos.
Genio do Mal - Charles Baudelaire - extraido de "As Flores do Mal"
Gostavas de tragar o universo inteiro,
Mulher impura e cruel! Teu peito carniceiro,
Para se exercitar no jogo singular,
Por dia um coração precisa devorar.
Os teus olhos, a arder, lembram as gambiarras
Das barracas de feira, e prendem como garras;
Usam com insolência os filtros infernais,
Levando a perdição às almas dos mortais.
Ó monstro surdo e cego, em maldades fecundo!
Engenho salutar, que exaure o sangue do mundo
Tu não sentes pudor? o pejo não te invade?
Nenhum espelho há que te mostre a verdade?
A grandeza do mal, com que tu folgas tanto.
Nunca, jamais, te fez recuar com espanto
Quando a Natura-mãe, com um fim ignorado,
— Ó mulher infernal, rainha do Pecado! —
Vai recorrer a ti para um génio formar?
Ó grandeza de lama! ó ignomínia sem par.
